Como Planejar o Plantio Sintrópico para Maximizar a Produção: Guia Prático e Eficiente

Você já ouviu falar em plantio sintrópico, mas ainda tem dúvidas sobre como começar de forma organizada e eficiente? Pois saiba que o sucesso desse tipo de cultivo regenerativo começa muito antes da primeira muda tocar o solo. Ele nasce no planejamento.

O plantio sintrópico é uma forma de agricultura que imita os processos da natureza, promovendo o equilíbrio entre espécies vegetais e a regeneração do solo. Ao invés de monoculturas e insumos externos, aqui o foco está na diversidade, na sucessão ecológica e na cooperação entre plantas. O resultado? Sistemas produtivos, resilientes e com baixa necessidade de intervenção.

Mas para que toda essa sinergia funcione de verdade — e para que você colha mais do que apenas boas intenções — é essencial planejar cada etapa com consciência e estratégia. Quando bem estruturado, um sistema sintrópico pode oferecer colheitas abundantes ao longo do ano, reduzir custos de manutenção e ainda melhorar o ecossistema local.

Neste artigo, vamos mostrar como planejar o plantio sintrópico passo a passo, com foco na maximização da produção sem abrir mão da sustentabilidade. Prepare o caderno, o mapa do terreno e venha comigo nesse caminho rumo a uma agricultura mais inteligente e viva!

O que é Plantio Sintrópico?

O plantio sintrópico, também conhecido como agricultura sintrópica, é uma forma de cultivar a terra que se baseia na cooperação entre as plantas e no funcionamento natural dos ecossistemas. O termo “sintrópico” vem de sinergia e entropia negativa — ou seja, é uma agricultura que promove organização, vida e regeneração, ao invés de degradação e esgotamento.

Conceito de agricultura sintrópica

Criada e sistematizada pelo pesquisador suíço Ernst Götsch, a agricultura sintrópica parte do princípio de que a natureza sabe o que está fazendo. Ao observar as florestas, ele notou que elas crescem de forma espontânea, produtiva e sem necessidade de adubos, venenos ou irrigação. Assim, ele adaptou esses princípios para criar sistemas agrícolas altamente produtivos, que regeneram o solo e os recursos naturais enquanto produzem alimentos, madeira e outros insumos.

Princípios básicos: sucessão natural, estratificação, diversidade

Três pilares sustentam o plantio sintrópico:

Sucessão natural: as plantas são organizadas de acordo com seu ciclo de vida – desde pioneiras de crescimento rápido até espécies de longo prazo. Cada fase prepara o ambiente para a próxima.

Estratificação: as espécies são escolhidas conforme sua posição vertical na natureza – rasteiras, baixas, médias, altas e emergentes. Assim, o espaço é melhor aproveitado, como em uma floresta.

Diversidade: quanto mais variado o sistema, mais equilibrado e resistente ele será. Cada planta cumpre um papel: algumas alimentam o solo, outras oferecem sombra, outras produzem alimento, e por aí vai.

Benefícios para o solo, biodiversidade e produtividade

Um sistema sintrópico bem planejado trabalha a favor da vida. O solo se torna mais fértil e estruturado com o acúmulo de matéria orgânica e a atividade biológica intensa. A biodiversidade aumenta – tanto de plantas quanto de insetos, aves e outros animais que participam do ecossistema. E, como consequência, a produtividade cresce de forma sustentável, com colheitas contínuas e sistemas cada vez mais resilientes a pragas, doenças e variações climáticas.

Ou seja: plantar sintrópico é colher abundância, restaurar a natureza e transformar a relação com a terra. E tudo isso começa com um bom planejamento — que é justamente o que vamos explorar nas próximas seções.

Por que o Planejamento é Essencial?

No plantio sintrópico, sair plantando sem um plano pode parecer tentador — afinal, a natureza é dinâmica e adaptável, certo? Mas mesmo os ecossistemas mais complexos seguem padrões muito bem organizados. E é justamente ao observar e respeitar esses padrões que o planejamento se torna uma ferramenta poderosa.

Evita erros comuns

Um dos principais motivos para planejar é evitar erros que podem comprometer o desenvolvimento do sistema, especialmente nos primeiros anos. Entre os deslizes mais frequentes estão:

Competição desequilibrada entre espécies, quando plantas do mesmo estrato ou com funções parecidas disputam luz, água e nutrientes.

Ausência de espécies-chave, como adubadeiras ou pioneiras, que aceleram o processo de regeneração do solo.

Baixa produção a longo prazo, por falta de sucessão planejada ou espaçamento inadequado.

Com um bom planejamento, esses problemas são antecipados e corrigidos antes mesmo do plantio começar.

Garante harmonia entre espécies e ciclos

Cada planta tem seu ritmo — algumas crescem rápido e vivem pouco, outras demoram mais e permanecem por décadas. Planejar significa alinhar esses diferentes tempos de vida e de crescimento, criando um sistema em que cada espécie colabora com as demais, ao invés de competir.

Além disso, o planejamento permite que as funções ecológicas estejam bem distribuídas no sistema: sombra, cobertura de solo, fornecimento de biomassa, produção de alimentos, fixação de nitrogênio… Tudo isso contribui para um ambiente equilibrado e produtivo.

Otimiza tempo e recursos

Organizar o plantio com antecedência também é uma forma de ganhar eficiência. Quando você sabe o que, quando e onde plantar, evita desperdícios de mudas, sementes, mão de obra e até de energia.

Você também consegue:

Aproveitar melhor as chuvas e os ciclos naturais, plantando na época certa para cada grupo de espécies.

Programar as podas e manejos, que são essenciais para estimular o sistema.

Priorizar o que é mais importante em cada fase do desenvolvimento, do início intensivo à manutenção mais leve.

Em resumo, planejar é investir com inteligência no futuro do seu sistema. E é isso que vai permitir que ele cresça saudável, produtivo e em constante evolução.

Passo a Passo para Planejar o Plantio Sintrópico

Análise do Terreno e Clima

Antes de escolher as espécies ou definir o layout do sistema, o primeiro passo fundamental é conhecer profundamente o terreno e o clima onde você vai plantar. Essa etapa vai te ajudar a tomar decisões mais certeiras e a adaptar o plantio à realidade do ambiente.

Observação do microclima, solo e disponibilidade hídrica

Nem sempre o que funciona em um lugar funcionará em outro — e é por isso que a observação local é tão importante no plantio sintrópico.

Microclima: Observe a incidência de sol e sombra ao longo do dia, os ventos predominantes, a variação de temperatura e umidade. Um terreno com encosta voltada para o norte, por exemplo, recebe mais sol que um voltado para o sul.

Solo: Analise a textura (argiloso, arenoso, misto), cor, odor, profundidade e sinais de compactação. Testes simples de campo, como o de percolação da água ou de presença de minhocas, já indicam muito sobre a saúde do solo.

Disponibilidade de água: Verifique se há nascentes, córregos, poços ou necessidade de irrigação. A presença (ou ausência) de água define quais espécies podem ser cultivadas e como o sistema será manejado nos períodos secos.

Identificação das condições limitantes e potenciais

Com base na observação, é hora de identificar o que pode favorecer e o que pode dificultar o desenvolvimento do sistema.

Potenciais: Áreas que recebem bastante sol, solos profundos e férteis, boa drenagem ou proximidade com fontes de água são grandes aliados.

Limitantes: Solos rasos ou degradados, inclinações acentuadas, áreas muito sombreadas ou secas exigem mais atenção no planejamento — seja com espécies adaptadas, técnicas de manejo específicas (como cobertura intensa do solo ou terraceamento) ou fases de recuperação.

Essa análise é como ler o “mapa” da sua área. Com ela em mãos, você poderá fazer escolhas mais conscientes, personalizadas e alinhadas com os ciclos naturais do lugar, que são a base do plantio sintrópico.

Definição dos Objetivos Produtivos

Depois de conhecer bem o terreno, o próximo passo é definir com clareza o que você quer alcançar com o seu plantio sintrópico. Ter um objetivo produtivo bem estabelecido vai orientar todas as suas escolhas — desde as espécies até o tipo de manejo.

Produção de alimentos? Restauração ecológica? Mercado local?

Cada sistema sintrópico pode ter um foco diferente, dependendo das necessidades e dos sonhos de quem está por trás do projeto. Pergunte-se:

Você quer produzir alimentos para consumo próprio ou comercialização?

Se a ideia é abastecer a casa ou uma comunidade, é possível priorizar alimentos variados, de fácil manejo e colheita contínua. Já para venda, vale considerar culturas com valor comercial local e espécies que tenham boa aceitação no mercado.

Seu foco principal é restaurar uma área degradada?

Nesse caso, as espécies pioneiras e adubadeiras terão papel central nos primeiros anos, preparando o ambiente para espécies mais exigentes.

Vai vender para feiras, cestas ou agroindústrias?

Isso influencia o volume necessário, o tempo de colheita e até o tipo de transporte e armazenamento exigido pelas espécies.

Você também pode combinar objetivos — por exemplo, produzir alimentos enquanto recupera o solo ou criar um sistema que integre agricultura, educação ambiental e turismo rural. A beleza do sintrópico está justamente nessa flexibilidade funcional.

Curto, médio e longo prazo

O plantio sintrópico é pensado em camadas de tempo. Por isso, ao definir seus objetivos, é importante visualizar resultados em diferentes prazos:

Curto prazo (1 a 2 anos): produção de hortaliças, raízes, plantas de ciclo rápido e adubadeiras. É a fase mais intensa de manejo, com foco em cobrir o solo e gerar biomassa.

Médio prazo (3 a 5 anos): entrada de frutíferas precoces, maior estruturação do sistema, início da diminuição do manejo intensivo. É quando o sistema começa a “andar com as próprias pernas”.

Longo prazo (5 anos ou mais): frutíferas perenes, espécies madeireiras, árvores de sombra e maior estabilidade ecológica. É a fase de abundância e menor intervenção humana.

Ter essas metas em mente vai te ajudar a escolher espécies complementares, organizar as linhas de plantio e prever o ritmo de evolução do sistema — tudo de forma harmoniosa e estratégica.

Seleção das Espécies por Estrato e Função

Agora que você já sabe onde vai plantar e com qual objetivo, é hora de escolher as espécies que vão compor o seu sistema. No plantio sintrópico, essa escolha é feita com base em dois critérios principais: estrato (altura) e função ecológica. Isso garante que as plantas ocupem diferentes espaços e tenham papéis complementares dentro do sistema.

Altura: emergentes, altas, médias, baixas e rasteiras

O estrato diz respeito à posição vertical das plantas no ambiente, assim como acontece naturalmente em uma floresta. A ideia é preencher todos os níveis para aproveitar ao máximo a luz solar, proteger o solo e estimular a cooperação entre as espécies.

Emergentes: as maiores do sistema, que crescem acima das demais (ex: mogno, jatobá, sumaúma).

Altas: árvores que fazem sombra parcial e contribuem com madeira ou frutos (ex: abacateiro, jaca, ingá).

Médias: frutíferas de porte intermediário (ex: banana, goiaba, mamão).

Baixas: arbustos e plantas comestíveis ou medicinais (ex: açafrão-da-terra, pimentas, manjericão).

Rasteiras: cobertura de solo e proteção contra erosão (ex: abóbora, amendoim forrageiro, batata-doce).

Organizar por estrato ajuda a criar um sistema tridimensional, mais estável e produtivo.

b. Funções: adubadeiras, pioneiras, frutíferas, madeireiras, alimentícias

Cada planta tem um papel funcional dentro do sistema. Quanto mais clara for essa função, mais eficiente será a dinâmica entre as espécies.

Adubadeiras: fornecem biomassa para cobertura do solo e regeneração do ambiente (ex: feijão guandu, leucena, crotalária).

Pioneiras: crescem rápido, fazem sombra e preparam o terreno para espécies mais exigentes (ex: mamão, banana, tecoma).

Frutíferas: fornecem alimentos e atrativos para polinizadores e fauna (ex: acerola, pitanga, manga).

Madeireiras: crescem mais lentamente e servem para estruturar, venda futura ou sombra (ex: ipê, angico, pau-brasil).

Alimentícias: hortaliças, raízes e folhas com ciclo rápido (ex: alface, cenoura, couve, mandioca).

Ao combinar essas funções, você cria um sistema vivo, produtivo e autossustentável, que se retroalimenta e evolui com o tempo.

Exemplos práticos de combinações funcionais

Aqui vão alguns exemplos de como aplicar tudo isso na prática:

Linha de banana (estrato médio) com feijão guandu (adubadeira), mandioca (alimentícia), abóbora (rasteira) e mamão (pioneira). Ideal para os primeiros anos de produção, com alta geração de biomassa e alimentos em curto prazo.

Frutíferas como acerola e goiaba (estrato médio), intercaladas com cúrcuma e gengibre (baixo), feijão-de-porco (adubadeira) e ipê (estrato alto, madeireira). Um sistema que mistura produção de alimentos, regeneração e valor de longo prazo.

Sistema agroflorestal com abacateiro, cacau e banana em diferentes estratos, combinados com pimenta, mandioca e leguminosas adubadeiras, criando um equilíbrio produtivo e ecológico.

Essas combinações podem (e devem!) ser adaptadas conforme seu clima, solo e objetivos. O mais importante é garantir que as plantas se complementem e ajudem umas às outras, como numa verdadeira comunidade.

Desenho do Sistema (Layout e Espaçamento)

Depois de escolher as espécies, chegou a hora de organizar o terreno como um quebra-cabeça vivo: cada planta no seu lugar certo, com espaço e função bem definidos. O desenho do sistema é o momento em que você transforma o planejamento em ação. Um bom layout faz toda a diferença para a produtividade, o manejo e o equilíbrio do sistema ao longo do tempo.

Linhas de plantio, caminhos, curvas de nível

No plantio sintrópico, o desenho do terreno precisa considerar tanto as plantas quanto as pessoas que vão cuidar do sistema. Por isso, é essencial organizar:

Linhas de plantio: são faixas onde as plantas serão dispostas em consórcios. Elas podem ser mais estreitas (para hortas) ou largas (para sistemas agroflorestais com árvores grandes), sempre respeitando o espaçamento ideal para cada espécie.

Caminhos de acesso: devem ser planejados para facilitar o manejo, colheita e circulação sem compactar o solo onde as plantas crescem. Caminhos permanentes ajudam a manter o sistema organizado e eficiente.

Curvas de nível: fundamentais em terrenos inclinados. Plantar seguindo o contorno do relevo ajuda a conservar água e solo, reduzindo a erosão e mantendo a umidade no sistema. Você pode usar nível de mangueira ou nível A para marcar as curvas de forma simples e eficaz.

Como distribuir espécies para maximizar luz, água e nutrientes

A posição das plantas influencia diretamente na eficiência do sistema. Algumas dicas práticas para organizar o layout:

Plante espécies altas ao sul e baixas ao norte (no hemisfério sul), para que todas recebam luz solar suficiente ao longo do dia.

Intercale plantas com diferentes exigências de água — por exemplo, não coloque uma espécie que gosta de solo seco ao lado de outra que prefere umidade constante.

Aproxime espécies que se beneficiam mutuamente, como adubadeiras ao lado de frutíferas, ou rasteiras que sombreiam o solo sob espécies mais sensíveis ao calor.

Reserve espaço para podas e manejo. As podas são parte essencial do sintrópico, e seu sistema deve permitir acesso fácil às espécies que precisam de intervenção frequente.

Um bom desenho respeita a lógica natural do ambiente e facilita o trabalho humano. Ele deve ser dinâmico e flexível, acompanhando a evolução do sistema ao longo dos anos.

📌 Dica extra: antes de plantar, experimente desenhar o sistema no papel ou usar cordas e estacas no solo para visualizar o espaço e ajustar o posicionamento das espécies. Isso evita retrabalhos e dá mais segurança no início da implantação.

Cronograma de Plantio e Manejo

Planejar quando plantar e quando manejar é tão importante quanto saber o que plantar. O cronograma ajuda a organizar as etapas do sistema ao longo do tempo, respeitando os ciclos naturais e garantindo que cada espécie tenha as condições ideais para se desenvolver.

Épocas ideais para cada grupo de plantas

No plantio sintrópico, alinhar o calendário com o clima local é essencial. Em regiões com estação seca e chuvosa bem definidas (como em grande parte do Brasil), o ideal é iniciar o plantio no início do período chuvoso — assim, as plantas pegam firme no solo e crescem com menor necessidade de irrigação.

Veja algumas orientações gerais:

Pioneiras e adubadeiras: devem ser plantadas no começo do sistema, preferencialmente no início da chuva. Elas crescem rápido e ajudam a sombrear o solo, preparar o ambiente e gerar biomassa.

Frutíferas precoces e hortaliças: também entram no início do sistema, junto com as pioneiras. Muitas dessas espécies têm ciclo curto e fornecem alimentos logo nos primeiros meses.

Frutíferas de ciclo mais longo e madeireiras: entram um pouco depois, quando o ambiente já está mais protegido do sol e com solo mais estruturado. Ainda assim, é importante plantá-las no período úmido.

Rasteiras e coberturas de solo: como abóboras, batatas-doces ou leguminosas forrageiras, podem ser plantadas logo no início ou intercaladas ao longo do primeiro ano, ajudando na proteção do solo.

📅 Uma boa dica é montar um calendário mensal com os grupos de plantas, levando em conta o início das chuvas, o tempo de crescimento de cada espécie e a interação entre elas.

Planejamento de podas e replantios

O manejo contínuo é o que faz o sistema sintrópico evoluir — especialmente as podas, que estimulam o crescimento, abrem espaço para outras espécies e alimentam o solo com matéria orgânica.

Podas de adubadeiras e pioneiras: começam logo nos primeiros meses após o plantio, quando as plantas estão vigorosas. O ideal é podar antes que façam sombra excessiva sobre espécies mais sensíveis ou frutíferas novas.

Replantios: fazem parte do processo, principalmente com hortaliças, rasteiras e outras de ciclo curto. Algumas plantas podem ser replantadas várias vezes por ano, ajudando a manter o sistema sempre produtivo.

Manejo de frutíferas: podas de formação, limpeza e frutificação devem ser planejadas ao longo do ano, de acordo com o ciclo de cada espécie.

🛠️ Ter um cronograma visual com os principais momentos de plantio, poda e replantio te ajuda a se antecipar às necessidades do sistema e garantir um manejo mais leve, sem sobrecargas.

Dicas para Maximizar a Produção no Plantio Sintrópico

Depois de planejar bem o sistema, ainda é possível dar alguns passos extras para potencializar os resultados. Um sistema sintrópico bem cuidado pode ser incrivelmente produtivo — mas isso exige atenção, manejo e uma boa dose de observação ao longo do tempo.

Aqui vão algumas dicas valiosas para turbinar sua produção de forma regenerativa:

Manejo intensivo no início do sistema

Nos primeiros meses (ou até anos, dependendo do caso), o sistema precisa de mais atenção e energia. Essa é a fase em que você estará:

Estimulando o crescimento das plantas com podas e irrigações pontuais;

Adicionando matéria orgânica ao solo;

Controlando plantas espontâneas e mantendo o equilíbrio entre as espécies.

Essa dedicação inicial acelera a sucessão natural, reduz pragas e doenças, e garante um arranque mais forte para as culturas. Depois, o sistema tende a se autogerir, com muito menos intervenção humana.

Diversificação e sucessão planejada

Misturar espécies com diferentes ciclos, alturas e funções é a base do plantio sintrópico — mas isso vai além da variedade. É importante:

Escolher espécies que se revezam ao longo do tempo, garantindo produção contínua;

Combinar plantas de diferentes estratos e funções, ocupando todos os nichos do espaço e do tempo;

Pensar na entrada e saída natural das espécies, desde as pioneiras até as perenes de longo prazo.

Essa sucessão bem planejada mantém o solo sempre coberto, melhora a fertilidade e aumenta a resiliência do sistema.

Aproveitamento de resíduos como insumos (podas, biomassa)

Nada se perde — tudo se transforma. No plantio sintrópico, os resíduos viram recursos valiosos:

Use as podas como cobertura de solo (mulching), protegendo contra a erosão, retendo umidade e alimentando o solo com matéria orgânica.

Biomassa em abundância é um dos pilares do sistema. Sempre que possível, plante adubadeiras e espécies que cresçam rápido, para gerar material para poda e cobertura.

Restos de colheita, folhas secas e galhos viram adubo direto no canteiro, reduzindo a dependência de insumos externos.

Monitoramento e ajustes contínuos

Mesmo com um ótimo planejamento, a natureza é dinâmica — e isso é maravilhoso! O segredo é estar presente e observar o sistema com frequência, ajustando o que for necessário:

Está havendo competição entre espécies? Talvez seja hora de podar.

Alguma planta não está se desenvolvendo bem? Pode ser o momento de substituí-la por uma mais adaptada.

Um canto está improdutivo? Pode ser hora de renovar o estrato ou estimular o solo com mais biomassa.

O manejo sintrópico é um diálogo com o tempo e a paisagem. E quanto mais você observa e aprende, mais harmonioso e produtivo seu sistema se torna.

Erros Comuns e Como Evitá-los

Embora o plantio sintrópico seja uma prática poderosa e sustentável, é comum cometer alguns erros no processo, principalmente quando estamos começando. Aqui, vamos destacar três erros mais frequentes e como você pode evitá-los para garantir um sistema produtivo e harmônico.

Plantio sem conhecer o ciclo das espécies

Um dos erros mais comuns é não entender os ciclos de vida das plantas. Muitas vezes, plantas de ciclo longo são colocadas junto com aquelas de ciclo curto sem considerar que as mais rápidas podem sombrear ou competir com as mais lentas.

Como evitar:

Antes de plantar, estude o ciclo de cada espécie (tempo de germinação, desenvolvimento, frutificação e morte).

Planeje o tempo de entrada e saída das espécies no sistema, criando uma sucessão natural bem equilibrada.

Tenha em mente que algumas espécies precisam ser podadas e removidas antes de outras, para garantir que as plantas mais perenes ou mais exigentes recebam luz e espaço suficiente.

Excesso de espécies concorrentes no mesmo estrato

A diversidade é fundamental no plantio sintrópico, mas é fácil cometer o erro de plantar espécies que competem demais entre si, especialmente em um mesmo estrato. Por exemplo, colocar várias plantas de raízes profundas ou de alto porte na mesma linha pode resultar em competição por luz, nutrientes e espaço, prejudicando o crescimento.

Como evitar:

Observe e planeje a distribuição das plantas nos estratos (altas, médias, baixas). Coloque espécies de portos diferentes e que tenham necessidades complementares.

Certifique-se de que as plantas de mesmo porte não estejam muito próximas umas das outras. O espaçamento é essencial para que cada planta tenha recursos suficientes.

Varie os tipos de raízes (profundas e superficiais) e tipos de folhas (largas e finas) para garantir que cada planta ocupa uma função específica no sistema.

Falta de manejo pós-plantio

O plantio sintrópico não é uma técnica de “deixar crescer e esquecer”. Após o plantio, o manejo contínuo é necessário para ajustar e equilibrar o sistema. A falta de podas, correções de solo ou ajustes nas espécies pode comprometer o sucesso do sistema.

Como evitar:

Após o plantio, implemente um cronograma de manejo, com foco em podas, controle de ervas daninhas e monitoramento do crescimento das plantas.

Observe o comportamento do sistema regularmente e ajuste o manejo conforme necessário. Por exemplo, se perceber que uma planta está invadindo o espaço da outra, faça a poda para liberar espaço.

Aproveite os resíduos do manejo (como galhos e folhas secas) para enriquecer o solo com matéria orgânica e manter a cobertura vegetal.

Ao evitar esses erros comuns, você estará no caminho certo para criar um sistema sintrópico equilibrado, sustentável e altamente produtivo.

Conclusão

Planejar o plantio sintrópico é o primeiro passo para criar um sistema agrícola sustentável e produtivo. Como vimos, a chave para o sucesso está no planejamento estratégico, desde a escolha das espécies até o manejo contínuo. Cada decisão tomada ao longo do caminho impacta diretamente a produtividade, a saúde do solo e a biodiversidade do seu sistema.

Ao seguir um bom planejamento e observar o comportamento do seu sistema ao longo do tempo, você garante que ele evolua de forma harmônica e se mantenha produtivo por muitos anos. Lembre-se: o plantio sintrópico é um processo dinâmico, e cada ação de manejo contribui para o fortalecimento do sistema, promovendo o equilíbrio natural entre as plantas e o meio ambiente.

Agora, é hora de colocar as ideias em prática! Não tenha medo de experimentar, ajustar e aprender com os erros e acertos. A observação contínua será sua maior aliada, e com o tempo você verá o seu espaço florescer de maneiras que talvez nem tenha imaginado.

E você, já começou seu plantio sintrópico ou tem dúvidas sobre o processo? Compartilhe suas experiências ou questões nos comentários abaixo. Será um prazer trocar ideias e ajudar no que for possível!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *